quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A menina Bia


Em uma tarde como outra estava dando banho na Bia e lavando seu cabelo, e enquanto o massageava ela me perguntou por que Jesus não fez todo mundo branco. E porque ela era “dessa cor”, como ela mesma disse. Na hora, não sabia o que responder, fiquei tentando encontrar respostas. Queria que ela entendesse que não tinha problemas com sua cor, mas como explicaria isso ? E mais difícil ainda: se ela compreenderia e aceitaria o que eu tinha pra dizer. Só um negro sabe e sente o que ele sabe, sente e vive. Em meio a tantas tentativas falei que ela não era melhor nem pior que ninguém pela cor , ela disse que era sim. Disse que é feia por causa da cor e, não ousou dizer que era preta ou negra, ela só falava “minha cor”, “essa cor”. Tentei explicar que existem coisas mais importantes do que cor, que a cor não passava de uma cor, que ser branco, amarelo, vermelho, verde ou preto não deveria interferir no que era e seria; na tentativa de não chocá-la mais ainda, hipocrisia, pois a gente sabe que interfere sim.
Eu falei, falei, falei, ela só ouvia, não respondeu nada, e o silêncio dela me foi suficiente para perceber que “só eu sei do que estou falando”, e eu compreendo perfeitamente.
Depois de um silêncio ela me perguntou: “e quando meu cabelo vai crescer?” o cabelo dela é cacheado e quando enxuto parece mais curto. Eu só falei: “o teu cabelo cresce”. – mas não tá grande, eu quero saber quando vai ficar grande. Eu disse que cabelo cresce aos poucos, e que curto ou grande fazia pouca diferença porque o cabelo dela é lindo. E mais uma vez ela não respondeu.


Logo depois passei creme para pentear e deixei o cabelo dela solto, como nunca fica, e coloquei uma traca (arco – rs). Ela ficou feliz da vida porque o cabelo tava solto, saiu perguntando pra todo mundo se tava bonito e de hora em hora se olhava no espelho.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Erros.


Buscar a perfeição, não mentir, não “pecar”, não errar, ser ético, moral, parece que tudo isso perde a dimensão de erro, de que se tem idéia, quando se comete um erro que, embora não tenha sido um pecado, tenha sido nocivo a si.
Isso acontece quando algo, aparentemente inofensivo, vem a ferir mais tarde. Aí vem o arrependimento, aquela sensação. “Putz, que furo! Eu não deveria ter feito isso! Não tinha que ter falado isso! O que me deu? Onde eu tava com a cabeça? Mas aí, não tem mais jeito. Muitas vezes não tem como consertar, não da mais pra voltar atrás, não tem como fazer nada mesmo. Conversar não adiantará, intrigas também não, então resta seguir em frente e tentar não mais cometer o mesmo erro. Aí mora o problema: saber quando se está cometendo algo que pode vir contra si mais tarde.


Só resta acreditar... “confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança”. Independente das pedras lançadas, independente dos erros cometidos, o importante é acreditar na superação, não existe nada que possa intimidar quando a auto-repressão não é uma arma utilizada. Nem sempre é fácil prever o perigo iminente, sem uma bola de cristal não dá pra saber quais as escolhas certas, a gente acaba fazendo o que o coração manda. Mas também, se a gente passar a vida tentando adivinhar o que vai acontecer, quais serão as conseqüências de uma atitude que não está em nenhum manual de erros ou pecados, ou que não tenha por que ser um erro, a gente não vive!


Então, é isso! Vivamos! Olhemos para frente sem esquecer-nos do passado! E perdoemos os nossos erros, como Jesus perdoou! E sejamos felizes! Amém!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O que passou já não importa mais,
Deixou marcas, cicatrizes, traumas
Mas não passa de um passado
Passado feito, acabado
E as escolhas não feitas, já não importam também
O presente não é como seria
O futuro não tomará aquele rumo
Só escolhas não priorizadas, escolhas deixadas
E o que não foi dito também não importa
Mudaria se tivesse dito
Mas só teria dito algo a mais
E só deixou de ser dito, são palavras poupadas
Ah e o que não foi feito, só não foi feito
E seria diferente se o tivesse feito
Mas não foi feito e é diferente porque não foi feito
Se fosse feito não seria assim
E se não fosse feito não seria do jeito que é
O que passou foi o que não é
Escolhas não feitas foram escolhas feitas
Palavras não ditas foram palavras economizadas
E o que não foi feito é o que foi feito para que hoje fosse
Por isso, arrependimento é ilusão concreta
E ilusão... Ah o que é a ilusão?