sábado, 29 de outubro de 2011

A voz do pensamento

"Desculpa não ter avisado, te faria perder menos tempo. Eu sou assim mesmo. Não gosto de fórmulas prontas, não sigo manuais. É o meu jeito, eu sou assim. Às vezes louca, outras bastante sã. Tenho pensamentos modernos, mas pareço conservadora. Nem conservadora, nem moderna, eu sou o que sou e tenho uma razão de ser. Eu sigo os meus instintos, diferente de todos os outros que você já viu ou sente. Eu sigo sim os meus desejos, por mais que você pense que não. Meus desejos também são diferentes. Meus princípios não são meros princípios, são antes resultado dos meus medos, dos meus sentimentos, do que eu acredito, do que eu sou e do pouco que vivi. Eu sou idealista e você não deveria brincar com meus sonhos. Sou desconfiada, um bichinho na toca, uma mãe que protege sua cria. E não conquiste minha confiança se você não é confiável. Não deveria ter usado de artimanhas, é um perigo. Antes fosse claro e direto.  Hoje eu entendo com mais clareza tudo. Não te culpo, não me culpo. Mas não se deve tentar compreender alguém quando você não compreende nem a si mesmo. Eu não pude adivinhar o que você queria, e acreditei no que eu queria. Nós erramos. Meu maior erro foi querer tapar o sol com a peneira, te proteger do meu veneno, te proteger ou disfarçar o risco que meu terreno oferecia, tolice minha. Meu maior erro foi me proteger do que eu achava que tinha. Não digo que você me enganou, eu me enganei. Mas, se quer uma dica, nunca prometa ou fale de coisas que não estão ao seu alcance, ou que você não tenha certeza que é capaz de cumprir. Já chega! Não vou dizer o que sou ou como sou, já foi. Também não vou dizer o que se deve fazer. Já disse, odeio manuais. Cada um que faça da sua vida o que bem achar que deve, mas que saiba arcar com as consequências de seus atos." Dizia a voz do pensamento

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Por enquanto

Mudaram as estações
E nada mudou
Mas eu sei
Que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba...

Mas nada vai
Conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem...

Mesmo com tantos motivos
Prá deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...

Renato Russo

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Escrever

Hoje acordei com uma vontade imensa de escrever, sobre o que não sei. Me dei conta de que há tempos não escrevo de verdade. Talvez alguém diga que eu nunca escrevi de verdade, se for por isso. Na verdade, existem muitas coisas que escrevo mas não publico no blog. O fato é que senti vontade de escrever, sem saber sobre que iria escrever. Escrever, pra mim, é uma arte. Uma das mais difíceis artes. Combinar palavras, organizar frases, conseguir montar uma sequencia lógica. É um desafio escrever "bem", eu quis dizer, escrever corretamente, e acima de tudo saber se expressar, quais palavras usar, conjugá-las corretamente, fazer concordâncias, entre outras coisas. E o mais difícil, ser claro, se fazer entender. Quando eu penso em tudo isso, chego a conclusão que não sei escrever. Eu não costumo ser clara, não escrevo corretamente, as regras e concordâncias me fogem . Geralmente me arrisco escrever textos subjetivos, ou textos de um sentimentalismo barato que só demonstram tosqueira, falta de intelectualidade. Talvez seja um pouco proposital, uma vontade de ter uma maneira própria de escrever, de me expressar, que seja simples e confusa - exatamente como trabalha a minha mente ;). Mas mesmo não sabendo, continuarei tentando, porque a própria tentativa é terapia.   

domingo, 16 de outubro de 2011

A consciência

"Nada acontece por acaso... tudo tem uma razão de ser. Por mais que você ainda não entenda, ainda não compreenda. Um dia irá perceber, independente do que aconteça. Nem sempre as coisas acontecem como se espera, ou como se quer, mas a vida é assim mesmo. O tempo passa e depois a gente vê que foi melhor assim. Sem desespero agora. Existe muita vida pra ser vivida, ainda é cedo pra qualquer conclusão precipitada, ou pra qualquer desesperança. Para e pensa quantas vezes as coisas não já deram certo na vida... Muitas vezes. E quantas coisas que deram errado foram depois compreendidas... A vida é um eterno ciclo, que não acaba nem quando a própria vida acaba. Sensação de fracasso, frustração, culpa, só devem servir como uma alavanca para o crescimento, é assim que tem que ser agora. Você não pode ser o que fizeram de você, mas o que você faz do que fizeram. Não há vítima ou vilão. Você é vítima e vilão da própria historia. Quer chorar.. tudo bem, faz bem. Mas deixa a tristeza ir embora. O pior apego é o que se refere ao sofrimento. Quando você se apega a alguém a tendência é que ela se afaste, se canse, enjoe, com o sofrimento é diferente. Quanto mais você se apega, mais você sofre, mais ele se faz presente e companheiro. Se fazer alguma coisa não adianta, e você sabe disso, então não faz. Não gaste forças, tempo, energia com o que não trará retorno e só aumentará a ferida. Segue, levanta a cabeça, sentir pena de si é a pior coisa e não ajuda em nada. Não se console, sinta-se responsável pelo que acontece consigo, e use isso para ousar na vida. Toda experiência é válida, um motivo para que a mudança aconteça. Levanta daí, já chega de refletir. Já falei o que precisava ouvir. Agora chega! A sua energia negativa tá me contaminando." Dizia a consciência a uma menina que soluçava abraçada com um ursinho encardido e amassado e ensopado de lágrimas.

Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama


De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente


Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente


Vinicius de Moraes

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

NOITE

Solidão, caminhar, espero um dia te ver mudar
Essa vida são escolhas sem direção, nada é linear
Continuar, sobreviver, pode ser muito cedo pra entender
Idéias em comum se tornam divisão, caminhos opostos que se encontram ou não.
Até que um dia amanhecer e você vir a perceber
Até que um dia se levantar
Semelhança e diferença nos fizeram paralisar
E fingimos esquecer o que, passou
Não há futuro, não há passado,tudo que se foi ou que virá
Só existe um sentimento teu por mim,estagnado odiar
E não se ver, e não sentir que o fardo em sua costas te impede de existir.
Deixar escapar o que é melhor, a chama em seu olho apagou
Até que um dia amanhecer e você finalmente perceber...
Até que um dia se levantar ...
Que nossas semelhanças nos façam caminhar e observar, e que um dia você possa me ver em ti.
Juntos estar em ação, poder dizer um dia união
No presente existir, pois a vida é curta e preciso agir
Dead Fish

Não sei

As vezes parece que...
Não sei o que pode parecer, as vezes

As vezes eu acho que...
hum...
Não sei o que achar, as vezes

As vezes é melhor não saber
Não sei, mas prefiro não saber

domingo, 9 de outubro de 2011

    O que me dói não é
    O que há no coração
    Mas essas coisas lindas
    Que nunca existirão...

    São as formas sem forma
    Que passam sem que a dor
    As possa conhecer
    Ou as sonhar o amor.

    São como se a tristeza
    Fosse árvore e, uma a uma,
    Caíssem suas folhas
    Entre o vestígio e a bruma.

    Fernando Pessoa