sábado, 27 de dezembro de 2014

Mudam-se os tempos...

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

"...Esperarei que ele cante"

Tempo, senhor que rege a vida, e o que existe depois da vida. Senhor a ser obedecido, se não compreendido, respeitado. Se o tempo não é favorável, aceitar suas imposições traz menos dor. Não há corrida que o vença. É essa coisa indestrutível, e o ideal é se adaptar,e continuar a plantar. Jamais parar, quem para no tempo não vive... A sabedoria permite entender quando é tempo de parar. Contra ele ninguem pode, e se levado em consideração... tudo pode vingar. Bastando saber que a natureza trabalha em intervalos de estações, o que hoje plantamos terá tempo certo para colher, e é favorável aproveitar o que ele nos permite usufruir. O que é bom, o que é mau, somos pequenos pra entender, e o grande mestre um dia nos traz compreensão. Hoje o tempo me ensinou que ser feliz, não é estar bem a todo tempo, ou viver como num mar de rosas, mas compreender o que cada tempo tem pra ensinar. E se quase nada vai a contento, contente-se com o que lhe contenta. E que o contentamento nunca traga paralisia, porque se não posso forçar o roxinol a cantar, não desistirei de ouvi-lo, mas "esperarei ate que ele cante".