domingo, 26 de dezembro de 2010

A filha única

Meia-noite, um clik da luz, passos de preocupação, uma espiada pela porta. È melhor sair porque ninguém nunca chega enquanto é esperado na porta.  Outro clik e a luz apaga. Um copo d’água e cama. Tentar dormir agora não era a melhor opção pra se acalmar e relaxar. Na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido, um cochilo - mas vária imagens e rápidos acontecimentos vinham a mente, o deixando mais preocupado ainda. Seria aquele pesadelo um pressentimento? E porque haveria de ser? Ele não era homem de pressentimentos. Nunca fora de sonhar com algo que viesse a acontecer, e tampouco acreditava nessas coisas. Mas dessa vez o sonho parecia tão real que a possibilidade de acontecer também lhe parecia real. O silêncio daquela noite o amedrontava e o fazia ouvir seus batimentos cardíacos. Um clik, uma espiada, a chave. Um carro se aproximava, poderia ser o táxi. E era um táxi, que passou direto enquanto seu Julião com as mãos no bolso do pijama fazia cara de mau, e tinha motivo para dar uma boa bronca, ela não havia levado o celular. Mas nada...A mão na testa, resmungando. Era melhor sair da porta, entrar e esperar deitado. Deitado não, sentado. E se tivesse mais um pesadelo enquanto cochilava?! E se ela tivesse perdido a chave e ele, num sono profundo a deixasse na porta?! Seria muito arriscado dormir naquela situação. Já eram duas horas.  Deitado no sofá, o barulho da TV disfarçava o silêncio perturbador e evitava que ele abrisse a porta cada vez que um carro se aproximava. As três ele já dormia sobre o sofá, quando ela chegou com o salto na mão pra não fazer barulho. Passou por ele com todo cuidado e foi dormir. Amanhã ele veria sua Drica “dormindo como um anjo” e esqueceria a noite perturbadora que ela o fez passar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"Isso também passa"

Lá estava ela de novo, estudando vários textos e escutando qualquer coisa, na tentativa de esquecer o dia anterior. Por mais que tentasse, o perfume e a cor ainda estavam presentes e ainda estariam onde quer que ela fosse, o que quer que fizesse pra tentar esquecer. Jamais deixaria de lembrar até que tudo aquilo passasse de vez.

Não foi uma vez como as outras vezes, não foi uma coisa como as outras coisas, nem era só mais uma de suas crises. Dessa vez, fora diferente e a crise era intensa, tão intensa e profunda que a fazia não se dar conta disso. Nem uma lágrima, nem mesmo um grito abafado pelo travesseiro Bandido. Nada a tiraria daquele estado de nada. As atividades diárias, mais trabalhos automáticos do que qualquer coisa que a deixasse satisfeita. Nem uma dor aparente. Olhos lânguidos e sequer um sorriso amarelo, e ela nem se dava conta disso. Era preferível que ninguém ficasse, o tempo todo, pronunciando palavras de consolo ou mesmo perguntando o que havia e porque estava diferente. A faria lembrar menos vezes da própria tristeza. E quanto mais tentava se afastar para tentar esquecer, pior ficava. Solidão nunca foi remédio para se esquecer da própria dor. Mas se algum dia ela tivesse tido alguém de verdade, e se alguma vez na vida ela não tivesse se sentido só, talvez seria mais fácil entender que precisava da companhia de outras pessoas, além daquele pobre bonsai, que mesmo com todos cuidados já não se desenvolvia mais. Talvez porque a dona já não conversava tanto com ele, já não lhe sorria, ou talvez porque tinha se esquecido de trocá-lo de espaço. Mas ele também já estava triste; a tristeza, assim como a alegria, é contagiosa. A vida estava automatizada, quando ela percebeu que já não agüentava acordar todos os dias, passar café e tomar com biscoitos, colocar uma roupa escura, sem que se preocupasse com combinações, almoçar na rua, e ler textos ao final do dia até que dormisse. Talvez tudo estivesse passando, e estava. Ela mesma se deu conta disso, e nada de radical pra mudar a vida, fez. Num sábado a tarde resolveu ir à livraria, escolheu um livro de seu autor predileto, José Saramago. Ao pagar, sorriu agradecendo o caixa. Depois daquele sorriso, ela ficou rindo, e rindo repetidas vezes. Deixou a livraria a gargalhadas, lembrando-se de o quanto era bom sorrir.





quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Só por hoje

Só por hoje, quero esquecer os meus anseios
E me livrar das obrigações
Não mais pensar nos próximos dias
Não planejar o próximo verão
Só por hoje não quero ter de me organizar
Não mais pensar em lista de compras
Não mais querer o que mais necessito
E me livrar das aparências
Só por hoje, quero esquecer o pó compacto
Não me preocupar com o meu salto
Sem saber se é cedo ou tarde
Se os ladrões vão me assaltar
Só por hoje eu quero pensar em mim
E quero me entender como ninguém
E sair do meu pequeno mundo
E sair desse grande mundo
E compreender o nosso mundo
Só por hoje eu só quero pensar no nosso hoje

domingo, 3 de outubro de 2010

Vento, Chuva, Sol e Lua

O vento passa
Leva meus cabelos
Leva meus sorrisos
Leva a tristeza
A chuva cai
Lava o meu corpo
Lava minha alma
Lava minha dor
O sol renasce
Dourando a pílula
Dourando minha terra
Dourando minha cor
A lua aparece
Ilumina os teus campos
Ilumina o meu caminho
Ilumina o nosso amor

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O ponto

Uma blusa caída nos ombros, com estampas coloridas, calça jeans escura e All star, Angélica caminhava para a parada de ônibus, jogando a franja de lado num andar meio largado. De largada não tinha nada, apesar de não ser de família rica, procura estar sempre na moda, como ela mesma dizia "de acordo com as tendências". Conseguiu pegar logo um ônibus, e nem estava cheio, dava pra ela escutar música sentada tranquilamente até chegar ao shopping.  Ainda no caminho entrou um garoto pela porta de trás, Angélica logo virou a cara. Não poderia ser reconhecida pelo vizinho vendedor de balas nos ônibus, ou ele passaria horas falando sobre o tiroteio na rua da  noite anterior. Ele a reconheceu, mas entendeu o recado direitinho. Só mostrou a caixa de balas a ela, que o ignorou. O menino era bonito e tinha sido o seu namoradinho de infância. Mas agora eles não eram mais crianças. Os dois cresceram e viviam de formas diferentes, embora ambos ainda tivessem 16 anos.
Depois de tanta demora, finalmente chegou. Uma mexida no cabelo, uma arrumada na franja, um Trident, estava pronta. Agora ela iria para o segundo piso, talvez ele já estivesse à sua espera. Pela demora no engarrafamento, talvez já estivesse até ido embora; meia hora de atraso... Matutava Angélica enquanto andava rápido. Mas não, ele também estava no trânsito e não queria perder tempo com justificativas. Logo perguntou:"o preço é aquele mesmo que a gente combinou né?". "Aham, sem problemas"- respondeu Angélica monotonamente. Os dois saíram, ele mais a frente e ela o seguindo. Ao final, marcaram mais um encontro e ela voltou ao shopping para comprar um vestido da nova coleção.
Já sabia o que diria á sua mãe    “as vendas tinham sido boas e resolvi comprar um vestidinho que tava na promoção.”

domingo, 19 de setembro de 2010

E você, o que diz sobre o tempo ???

                                                                           TEMPO
O que falar sobre tempo? É difícil ter tempo para poder escrever alguma coisa sobre tempo. De certa forma, tempo é uma coisa que faz falta para todas as pessoas. Seja por qual motivo for, todos precisamos de tempo para fazer alguma coisa.

Talvez seja um pouco de desorganização a falta de tempo. Talvez desorganização e preguiça, muito provavelmente, na maioria das vezes, seja esse o problema da falta de tempo para as pessoas. Não sou nenhum exemplo de organização e dedicação, mas organizar nossas prioridades é de fundamental importância pra otimizar nosso tempo, fazendo com que tenhamos mais tempo para fazer coisas que nos dê prazer!

Gian C. C. Rios

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Hum?

Huuum... Ã? O quê? Não sei. Por quê?!

Onde? Por quê? Quando?

Quando, não sei

Porque ... Hum... Não sei.

Huum? Como? Huumm... é.

Não sei.

O que?! Por quê? De que?!

Não, porque não sei.

Como?! Ã? Foi?!

Oh, Por quê?

Por que?! Não sei... Talvez...

domingo, 8 de agosto de 2010

Tudo Errado


Muita força aplicada a pouco peso concedido
Tantas frases pra uma palavra
Tantas expressões e apenas um sentido
Tanta coisa pra dizer nada
Enquanto o próprio nada é tudo
Tantas teorias e nada desvendado
 Muitas coisas ditas pra pouco conteúdo explicado
Status ou beleza. Dinheiro ou inteligência
O que não é contradição posto como tal
Em resumo, a vaidade
Crescer e evoluir. O que é importante pra mim?
Em tudo que se busca não se encontra humildade
Um mar feroz de desordenadas idéias
Que invadem como ondas emergentes
Fazem vum-vum-vá no tico
Cra-tra-cra no teco
Parece estar tudo errado
Conhecimento, ciência e tecnologia
E a humanidade pra onde caminha?
Tudo igual mesmo quando diferente
Tribos, ritmos, quebradas, vibes
Um palco sem platéia
E se não gosto e não me enquadro
Sou mais um grupo em cima do palco

domingo, 25 de julho de 2010

Blá blá blá

Não sei que...

Blá blá blá

blá blá blá

blá blá blá

na falta do que falar...

blá blá blá

blá blá blá

blá blá blá

Não sei pra que tanto blá blá blá

sábado, 24 de julho de 2010

Doce melancolia
Não me abala e me causa dor
A esperança infinita
O importante me afasta
Um desejo cansado
Perseverança mal-amada
Impaciência e resignação
Essa é a cor da minha doença
Sentimentos guardados
Solidão acentuada
Pensamentos reprimidos
Um começo sem meio e fim
Felicidade não curtida
Melancolia cultivada

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um domingo de Marina

Era um domingo de manhã. Depois de uma semana de trabalho, um sábado corrido e apenas um domingo pra descansar, ainda tinha casa para arrumar, roupa para lavar; nada muito comum a uma jovem de 23 anos. Desde que Marina decidiu morar só e longe da familia, nunca mais saíra um domingo e para completar, terminou o namoro há duas semanas. O namorado que vivia sem tempo para ela, foi flagrado com uma coroa.
Num interior distante, longe dos melhores amigos, a difícil missão de suportar, além da semana inteira, mais o domingo, aquela carente e chata colega de trabalho que passara no mesmo concurso. Quase todo domingo era a mesma coisa, ela não acertava outro numero, era pra Marina que ligava e o monólogo começava. Falava sobre casa, sobre pratos, comida, sobre tintura para cabelos, sobre esmaltes, perfumes. Falava as besteiras das quais Marina não compartilhava. Falava sobre os presentes do namorado e momentos românticos, nada do que uma pessoa que acaba de terminar o namoro precisa ouvir. E ela só ouvia, vez ou outra soltava um “hum... certo” ou um risinho forçado que saia de uma expressão nada risonha. Ora ou outra ela pede uma opinião do tipo “você acha que eu devo ir de rosa ou amarelo?” e quando Marina finalmente soltava um “olha...” ELA interrompia, e a própria respondia com muitos argumentos. Mas sempre tinha uma escapatória para Marina, ou era o cachorro que se soltava, ou tinha que ir ver a comida, ou tinha alguém batendo à porta. Nessas horas, qualquer “crente” chato batendo à porta tentando convencê-la de ir à sessão de descarrego ou tentando expulsar o demônio da casa dela, era inventado para que aquele monólogo de 20 minutos que já parecia durar uma hora terminasse ali. Pronto, agora ela podia terminar os serviços domésticos, mais tranqüila e melancólica ao som de Legião Urbana. Lembrando sempre da família, dos amigos, dos bons tempos, conseguia fazer tudo até o meio-dia. Antes de almoçar, ainda tinha uma obrigação a cumprir, o almoço do cachorro. Pereba como sempre abanando o rabo, e lambendo sua dona. Dela um sorriso, uma brincadeira rápida antes de colocar água e pronto. A tarde já não tinha muito que fazer. Dar banho no Pereba, deixá-lo cheirosinho pro passeio das 18 é antes um hobby. Pra noite, um milk shake com batatas fritas tava de bom tamanho. À noite, enquanto pereba assistia ao filme de luta, Marina dormia em cima do seu livro predileto que lia pela qüinquagésima vez, Pollyana. O celular ao lado, já estava programado para despertar nos próximos sete dias.




domingo, 18 de julho de 2010

Sonhos: a busca da felicidade

O desejo de se tornar milionário, de constituir uma família, de viajar o mundo todo, de publicar um livro, o desejo de mudar o mundo, ou de contribuir de alguma forma, o desejo de ter “aquele” emprego. Todo mundo tem um sonho? Um sonho? Não, vários sonhos.
 
Até um tempo atrás ficava meio preocupada por não ter um grande sonho, aquele sonho “único”, que sobrepusesse outros desejos. Só depois me dei conta de que o sonho é pessoal e relativo. Ninguem precisa sonhar em ser um grande médico, ou grande advogado, como aquilo que eu acreditava que era ter sonho. Só então me dei conta de que os sonhos são os vários desejos que eu tenho e tive durante todo esse tempo, e olha que não foram poucos.

Durante muito tempo sustentei a ideia de que sonho era aquele desejo que demoraria tempo pra ser concretizado, aquilo por que eu lutaria muito para conseguir e talvez nem conseguisse. E assim foi por um tempo. Quando gurizinha, sonhei em ser uma grande bailarina, isso era um sonho, era algo impossível porque a minha mãe jamais me colocara em uma escola de balé, eu falava, mas ela não dava muita importância para isso, e para ser uma grande bailarina era necessário fazer balé desde pequena.

Foram muitos sonhos que ficaram apenas na imaginação, sem nenhuma iniciativa para que se tornasse realidade. Os meus sonhos deveriam estar voltados para escola, a educação, a única garantia que um pobre tem de mudar de vida. Isso também me preocupava, não que eu não gostasse de estudar, mas no momento não havia muita coisa relacionada a isso que me desse muita motivação. Mas foi então que percebi que tudo que fazia estava aliado as minhas necessidades, e também que os sonhos nada mais eram que os fatores que faziam surgir as necessidades.

Sonhos são todas e quaisquer manifestações de desejos, alguns são mais fáceis de conseguir, outros mais difíceis, o que depende das condições em que cada um se encontra em relação a seus sonhos. Do mesmo modo, temos muitos sonhos e mudamos constantemente as aspirações.

Eu não acredito muito naquela velha historia que tanto a minha mãe quis me fazer acreditar de que podemos tudo que queremos, penso que não é tão simples assim, mas acho que com determinação podemos muito, desde que se queira mesmo (“de cum força”). Mas acredito sim que os sonhos impulsionam a vida. É sempre a busca por realizar alguma coisa, por conseguir algo que faz a vida, e tudo que fazemos diariamente, ter algum sentido. E acredito também que todo mundo tem sonhos/ desejos/ aspirações. E não há parâmetros para se julgar o qué é ter sonho, nem o que seja um verdadeiro sonho, partindo da ideia de que o sonho é algo pessoal e que cada um sabe o que é bom pra si.

E independente de que eles se realizem, ou que eles se modifiquem completamente, o importante é sonhar e buscar até onde permitir o limite de cada um. E não ter medo de abandonar os sonhos e buscar por outras aspirações, o importante é lutar e buscar o que houver de melhor pra si.

sábado, 3 de julho de 2010









Será que ainda haverá caminhos?
E quantos encontros serão permitidos?
E quantas vitórias serão vencidas?
Quantas vezes ainda podemos sonhar?
Ainda terei quantas noites mal dormidas?
Ainda temos tempo pra levantar?
E nossas mão até quando fundidas?
E quanto tempo temos pra aproveitar?
Tempo perdido que não é passado
Sentimos falta do que não fizemos
E porque não fazemos agora?
Os tempos são outros e estamos mudados
O pesar da rotina, o suor e o cansaço
O começo, iniciar e não conseguir terminar
Até onde podem ir essas palavras?
Até onde vão os pensamentos, talvez.

"Adeus, até paro ano"!!!

Chega ao fim o melhor período do ano: São João. Na terra do bumba-meu-boi ainda tem um mês de "brincadeiras" no Convento das Mercês, mas não é a mesma coisa, o clima é outro. Parece que não tem o mesmo calor de São João.


Vai ficando uma saudade mansa, afinal, ano que vêm eles estão de volta. Alguns com as mesmas toadas, que não deixam de ser empolgantes por isso. Afinal, quem se cansa de ouvir “Maranhão, meu tesouro, meu torrão Eu fiz esta toada, pra ti Maranhão Terra do babaçu Que a natureza cultiva Esta palmeira nativa É que me dá inspiração.” na voz do sublime Humberto? Mas também com aquela 'apitada' introdutória, o som das matracas e pandeiros, que passam a comandar as batidas do coração e os movimentos do corpo, com os movimentos das índias e caboclos de pena que hipnotizam, quem se incomoda de já saber cantar aquele “louvor a São João”?

É interessante que existem diferentes tipos de “bumba-meu-boi”, de acordo com o sotaque de cada grupo, e isso acaba levando a certa rixa entre os grupos que é bonito de se ver quando delas são feitas toadas. Esses duelos cantados me fazem admirar as toadas até do “boi” mais “pebazinho” que ninguém da muito valor.

Tem boi pra todos os tipos, eu gosto de todos. "Tah bom"... nem todos, há uma certa repulsão por aqueles que perdem as características do boi, que mais parecem escolas de samba, como o Pirilampo (que eu nem sei se ainda existe, não o vi em programação).

Geralmente, quem gosta só do sotaque de orquestra afirma que o boi de matraca / zabumba são desorganizados, tem pouco brilho, sem graça. Já os que gostam somente dos de sotaque da Ilha afirmam que os de orquestra não são "de tradição", foram forçadamente inventados, ou então que é boi de elite.

Independente de qualquer disputa, é uma das únicas brigas que se permite ser admiração por quem não se envolve em nenhuma das causas (rs). E como tudo que é bom tem que acabar cedo o São João se despede, deixando no seu “até paro ano” um gostinho de quero mais e sempre mais.

domingo, 20 de junho de 2010

Besteirol na TV

Tem certas coisas que não da pra entender mesmo. Como por exemplo, porque minha irmã perde sua noite de domingo assistindo ao programa Pânico na TV. Ô programinha sem graça! Sátiras mal feitas, ironias não alcançadas, preconceito declarado, contra pretos, feios, nordestinos, gordas, homossexuais e, não se salvaram os portadores de necessidades especiais. Sem falar dos quadros “nada a v”: um cara se mutilando, umas mulheres que saem peladas nas ruas , servindo única e exclusivamente de figura sexual. Na verdade, a mulher é a figura mais atacada, porque quando não é a “burra gostosa”, é a gorda, preta, desdentada, idosa (desrespeito total). E convenhamos, a única coisa que aquelas mulheres que trabalham alí têm é bunda e peito, com o perdão da expressão.


Mas, fazer o que né? O programa agrada muita gente. E, o público mais fiel é justamente aquele que mais é zombado pelo pânico na TV. E, como se não bastasse o “Ronaldo”, e “Antonio Nunes”, mais uma chatice pra encher meus ouvidos: “Qui bom”. Aff! Ô coisinha chata!

Há quem diga que é um programa com uma proposta diferente, é um besteirol que se assume como tal e se utiliza da pouca formalidade pra acusar a formalidade vazia, talvez. Mas acaba sendo mais um programinha vazio como o do Faustão, o Super Pop, o da Márcia. Resumindo, um programa que não acrescenta em nada, não tem humor nenhum, se a proposta era essa, fracassou.

A dúvida







E o que vai acontecer depois? Não sei

Basta um primeiro passo? Quem sabe... Talvez

E porque não deu? Não era pra ser?

Ou alguma coisa não foi feita como deveria?

E agora o que fazer? Arriscar ou esperar?

É melhor prevenir ou ver no que dá?

O futuro a deus pertence. Eu não vou planejar?

E depois da morte vem o que?

De onde vim e para onde vou?

Que rumo devo seguir? Que escolha decidir?

O coração conhece a verdade ou se ilude buscando felicidade?

E onde foi que eu errei? Será que errei?

Me responde! Eu não sei

domingo, 13 de junho de 2010

À você, sua infelicidade


Não diga mais nada ou então diga logo tudo que precisa

Eu não preciso mais dos seus fingimentos

Guarde essa conversa fiada, pois não estarei mais aqui

Pouco me importa o que virá depois

Pouco importa o que você pensa de mim

Guarde seus julgamentos e incompreensão

Se hoje não precisa, pois que seja pra nunca mais

Mentiras, inveja, fingimentos, pedras

A falsidade que eu não desejo nem a você

Mas desejo que um dia tenha tudo que é

E que então veja tudo que fez

Que tenha toda mentira e infelicidade

Talvez assim todo meu ódio se dissolva

E de alma lavada, eu volte a sorrir

sábado, 5 de junho de 2010

À espera do ônibus

Era uma sábado a tarde, era uma tarde quente. Eu estava na integração esperando um “Terminais BR”. A fila na plataforma, como quase sempre, estava enorme. Eu acabara de chegar ao final da fila quando o ônibus chegou, mas já imaginava que talvez não desse pra entrar. Mais uns vinte minutos, e eu já não era mais uma das primeiras pessoas da fila, um grupo já se acumulava ali na frente, se preparando pra hora da partida. Aquele desespero, eu já imaginava como faria pra entrar no ônibus sem sofrer um mínimo arranhão. Calculava e ficava cada vez mais preocupada, a quantidade de pessoas tava aumentando mais e mais, e elas estavam cada vez mais estressadas porque o ônibus demorava muito. Ao mesmo tempo ainda ouvia algumas conversas. Um senhor ao meu lado meio estranho, com uma galocha, uma caixa de ferramentas e, pendurado no pescoço, um sujo avental de couro que jogava pra trás, dizia que era o Superman , levantava o braço como se fosse voar, como se estivesse brincando com criança. Eu ouvia, mas nem dei atenção. No começo achei que ele fosse louco, mas depois vi que ele só não era muito normal. À minha frente, duas fura-fila reclamavam do ônibus que não vinha, uma dizia que precisava chegar em casa pois tinha muito serviço pra fazer. Ouvindo isso, o Superman disse “É tem que trabalhar. A VIDA É DURA PRA QUEM  DÁ MOLE. Eu não tenho emprego fixo, faço bicos. Mas ainda consigo tirar mais que muita gente que trabalha de carteira assinada; ainda consigo mais que um salário mínimo.” As mulheres só olharam pra ele e viraram a cara o ignorando, eu só pensava naquela situação. Uma terceira pessoa, um rapaz magro, baixo, novo, mas de aparência sofrida respondeu “Siô o que dá dinheiro é soldador”. O Superman falou : “rapaz, eu recebi 50 conto hoje trabalhando na casa de um barão pra banda daqui”. Disse ele apontando. O rapaz insistiu “Siô, mas o que dá dinheiro é trabalhar com solda. Outro dia tive que mandar botar solda num carro da empresa e o cara cobrou 150 pau pra colocar só uma bestêrinha”. Daí desengatou uma breve conversa, falaram sobre tipos de solda, o que dava mais dinheiro, o Supermem contou brevemente o que ele fazia, sempre enfatizando que ele se dava bem porque trabalhava “direitinho”. E de repente a conversa parou, nada de ônibus. Eles simplesmente se calaram, assim do nada. Para a minha tristeza, eu já estava mais distraída, já tinha esquecido o medo de ser pisoteada na hora entrar no ônibus. Finalmente veio um busão, que parou muito depois da plataforma, o que favoreceu a “muvuca” que já tava aglomerada mais na frente, uma briga, um “empurra-purra”. Muita gente ficou de fora. Mais atrás viria um ônibus que não dava pra todo mundo que estava ali, não ficaria tão lotado, e dava pra mim. Antes que o ônibus chegasse ainda escutei uma ultima “palavra” do rapaz que, em voz alta, disse: “Cuida ônibus, vem logo. CUIDA QUE EU TÔ ENFARDADO DE TRABALHAR”. Eu acabei deixando escapar um risinho no canto da boca, mas foram palavras que me fizeram refletir por horas.

Que vença o menos pior!!!


Antes de uma propaganda política, mesmo porque eu não to ganhando nada pra isso é só mais uma idéia emergente.



As eleições se aproximam e me vejo sem candidatos a presidência e muito menos a governador do estado. Não há aquele político que traga um pouquinho de esperança de mudança, de melhoria. Eles sempre falam da importância da educação, saúde, segurança. Mas nunca apresentam projetos, planos concretizáveis. E depois de eleitos acaba no esquecimento, isso não é novidade pra ninguém, e é uma pena que seja até normal. Pior é, depois de tudo, ainda falar com a maior cara de pau “vou fazer um bom governo porque não prometi nada”, enquanto apresentou um monte de proposta para educação e saúde, principalmente. Foi o que fez o nosso adorável prefeito, e hoje se vê o resultado: professores do município em greve, ruas/avenidas todas esburacadas, ônibus sucateados, a passagem de ônibus aumentou exorbitantemente. Enfim, se tava ruim, ficou pior, mas eu já previa que daria nisso.



A situação parece pior quando não há aquele político em que se consiga, pelo menos, torcer pra ganhar, só pra que não seja eleito um que já se sujou. Esse é o tipo da eleição na qual se vota em qualquer um e entrega nas mãos de Deus: “que vença o menos pior”. Eu já decidi, pra Dilma não voto, pra Serra, pior ainda. Resta-me a Marina Silva, que não se vê com toda imposição e petulância de que precisávamos, como a de Heloísa Helena em 2006, mas já opção a mais. A maior duvida é se o melhor é deixar o governo como está ou apostar em uma presidência nova que possa só piorar a situação do país. Eu acredito que se lula se candidatasse mais duas vezes ele venceria. Não pelo fato de ter sido um governo exemplar, mas porque foi um governo mais estável, se comparado com o de Fernando Henrique Cardoso. E a pobreza foi bem mais mascarada, com os bolsas-esmola. Enfim, como um tiro no escuro, eu voto em Marina, e espero iluminação divina na cabeça dos brasileiros [já que não é Deus que vai decidir isso] pra que façam a escolha certa; QUE SEJA ELEITO O MENOS PIOR!

sábado, 29 de maio de 2010

Devolve o que é meu









Devolve o que é meu
Se eu pudesse descobrir
São palavras sem sentido
O que eu não consigo aceitar
Minha incompreensão não permite
Devolve minha liberdade
Você finge e não admite
Eu não consigo permitir
O silêncio me corrói
Já não posso falar
Devolve minha expressão
E a sua revolta que causei
À vingança da minha
Eu quero e não posso
Eu quero o meu espaço
Devolve minha privacidade
Devolve o que é meu

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Raiva. Quem nunca sentiu?

Pra mim, não tem sentimento pior que esse. Quase sempre tento reprimir a minha ira. Mas já vi que pode não ser uma boa opção. Cada vez que a prendo dentro de mim, ela fica guardada e vai se acumulando e se tornando cada vez mais freqüente, até que eu exploda de uma vez. E só então vem aquela sensação de cura da ira (é bom quando não vem a culpa depois). Às vezes, acabo explodindo por besteira, e tudo aquilo que precisava ser dito não foi feito em tempo. Na tentativa de amenizar os conflitos inflando esse nó dentro do peito, fico mais tensa e, logo fica fácil encontrar qualquer motivo para uma nova raiva.

Se o problema fosse somente o de parecer um doido que se descontrola por besteira seria mais fácil conduzi-lo, mesmo porque “de louco todo mundo tem um pouco”. Entretanto, estudos revelam que “Sentir raiva é um risco para cabeça e coração”.

Estudos realizados na Southern California University e no Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, apontaram que em indivíduos hipertensos as situações de estresse e raiva não provocam no fluxo sanguíneo, e o mesmo efeito é percebido em pessoas com pressão arterial normal.

Em indivíduos saudáveis, a raiva e o estresse mental causam a dilatação da artéria carótida (que levam o sangue do coração para o cérebro) e aumentam o fluxo sanguíneo em toda a região cerebral. A pesquisa revelou que, nas pessoas hipertensas, o reflexo de dilatação não ocorre. Portanto, a situação de raiva não produz vasodilatação nem mudanças significativas no fluxo de sangue no cérebro.

De acordo com Tasneem Naqvi, um dos realizadores da pesquisa, a vasodilatação inadequada, ou a ausência de dilatação em resposta à situação de raiva ou estresse pode levar à isquemia do miocárdio (má irrigação do músculo cardíaco), aumentando os riscos de quem sofre de doença de coração, mesmo se o quadro estiver estável e controlado.

Sabe-se que, quando não há aumento do fluxo de sangue no cérebro durante atividades mentais, a cognição e o desempenho cerebral podem ser afetados. A descoberta da ausência de dilatação em resposta à raiva e ao estresse mental pode ajudar a identificar os indivíduos com maior risco de eventos cardiovasculares futuros.

Além das descobertas dos efeitos da raiva no fluxo sanguíneo, novos estudos têm mostrado que o sentimento causa mudanças elétricas no coração, que podem predizer arritmias futuras.

A raiva também pode causar o aumento de uma substância relacionado ao estreitamento das artérias, provocando doenças cardiovasculares. Segundo um estudo realizado na Universidade Duke, nos EUA, a raiva e outros fatores comportamentais e psicológicos podem ser os responsáveis por cerca de 50% dos ataques cardíacos em pessoas que não apresentam os fatores de risco tradicionais.

Inspirada nas minhas crises de raiva, resolvi escrever um pouquinho sobre isso, quem sabe assim as coisas acalmem um pouco mais dentro de mim e também possa servir de alerta para outros leitores, que como eu, se “iram” facilmente.

Fonte: Terra.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Desabafo docente

Tava bom demais pra ser verdade, bastou à primeira prova pros queridos alunos revelarem a sua face e a professora querida se tornar inimiga para alguns.


Depois de um mês de aula e na corrida contra o tempo, consegui concluir o conteúdo e até fazer algumas avaliações nas 3 séries (6ª, 7ª e 8ª), e já era hora de fazer a primeira prova, com questões bem elaboradas e referentes a todo o conteúdo dado e revisado em sala. Eles estavam um tanto quanto tensos e ansiosos, a prova foi desmarcada duas vezes e nas duas tiveram alunos que fugiram antes, pra não fazer prova e acabaram perdendo revisões decisivas, resumindo questões da prova (rs). Eu não esperava tantas notas baixas, afinal, tava tudo no caderno atividades que eles fizeram. Entretanto, a decepção foi grande. E, graças a Deus, pelo menos um ou dois alunos chegaram a notas acima de 9,0 em cada sala. Imagina: se de 30 alunos, um tira 9,5 e os outros abaixo de 5,0, de quem é a culpa? Do professor, certamente. Pra entender isso não precisa saber muito de pedagogia. Mas, só depois de devolver a prova para responderem pesquisando, percebi que nem pesquisar eles sabem. É triste! São alunos de 15 anos em 6ª série que não sabem ler, nem escrever. Na verdade, eles desenham letras, e acabam copiando de um que sabe. A maioria são pessoas sem perspectiva nenhuma de vida. Estudar? Escola? É muito difícil! O professor deve compreender isso e buscar a melhor forma de lidar sem deixar que o aluno perceba, porque se ele percebe, o professor é “mole”, tá “aliviando”, aí vira bagunça. Não é nada fácil pro professor, que muitas vezes é visto como o inimigo, e quando tenta ser amigo acaba em situações não tão agradáveis como uma que eu passei ontem. Tava na hora da prova, aquela boa e velha organização da sala, desfazendo os grupinhos pra amenizar o problema da cola, quando uma garota grita e começa a falar um monte de baboseiras dizendo que não ia mudar de lugar, eu tomei até um susto, e a minha reação não foi outra, comecei a rir, assim como os outros alunos. E pedi mais uma vez que ela mudasse, pois eu queria entregar as provas. Mas, por ela ninguém receberia, como ela mesma fez questão de dizer gritando. Tudo bem, comecei a entregar a prova, meu sangue já tava fervendo, mas me controlei, enquanto pensava se a garota achava que eu iria ceder à vontade dela porque gritava. Tendo que suportar a voz chata ainda falando, passei por ela e não entreguei a prova, falei que só receberia depois que mudasse de lugar. A menina ainda falou mais algumas besteiras, eu só ouvi quando ela disse “nem minha mãe bota moral em mim, professor vai botar...” E já com o rosto pegando fogo, respondi nada calmamente: “garota eu não tô aqui pra botar moral em ninguém, você tem que saber seu lugar. Eu não to sendo paga pra isso, isso não é meu trabalho. Se a tua mãe não coloca moral em ti, problema de vocês, eu não tenho nada com isso.” “Eu sei que a senhora não tá aqui pra botar moral em mim...blábláblá blábláblá”, “então pronto, eu não vou discutir contigo”. Ela não fez a prova e o fato foi comunicado a coordenação, pra não me trazer problemas futuros. Mas a partir de então, é esquecer o fato, tratá-la normal, não “marcar”, enfim mostrar superioridade. É mole? “Hum-hum nadinha”. Mas, é a vida, não dá pra ser tudo perfeito e como dizia um louco professor meu “Se nem Jesus agradou a todos, como poderei eu agradar?”Sabias palavras. Claro, ficou aquela culpa e duvida: "Será que eu fiz certo? Deixei a garota sem prova por causa de uma besteira. Mas também, eu não poderia voltar atrás, se o fizesse daria motivo pros outros; ela já tinha gritado comigo mesmo... De alguma forma isso serviria de exemplo para os outros, e se eu cedesse ficaria "desmoralizada" na turma toda, que até concordou comigo." Ehh, foi a primeira de tantas outras situações que estou exposta e disposta a passar, talvez isso sirva de lição pra mim. Quem sabe assim eu encontre forças pra tentar outra graduação ou um concurso desses federais, que não seja no campo da docência, cujo meu trabalho seja valorizado ($) e eu não tenha que esquentar minha cabeça com filhos de pais "sem moral".

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tanto Faz




Mas já não importa mais nem o pouco nem o além

As máscaras encontradas no chão expondo a encoberta

E pouca diferença faz se faz alguma diferença o que não tenho

As pedras transformadas em pó depois de acusarem o pecado

A água empedrada pelo tempo em que batia em pedra dura

As lágrimas em sangue derramadas pela intensidade da dor

E tanto tempo com a ferida em carne viva não cicatrizada

O pleonasmo repetindo de novo o que já aconteceu

E tristezas inconformadas pela extensão da dor que causava

Os desenganos iludidos pelo perdão não concedido

O próprio ato apontando o erro revelado pelo inconsciente

Os pés descalços a sentir espinhos cacos pedras fogo

Nem o frio seco nem o fogo nem a tempestade

Mentira fingimentos alfinetadas críticas.Tudo banal

E você que não é palpável. Não é concretizável

Sem pestanejar sei que essa falta não me incomoda

E já não importa mais se tenho pouco ou um pouco mais

Se o "tenho" pode variar quando o presente virar passado

E o "perder" chega a ser uma condição pro existir

Se o "existir" é única certeza do que ainda tenho. Tanto faz

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Sonho

Ontem tive um sonho estranho. Sonhei que a ingenuidade me deixava só. A ilusão me deixava em paz e a solidão segura firmemente na minha mão. E chorava como criança sem mãe. Apareceu um estranho que ia me guiar a direção. Não temi, e agarrada à solidão, apenas segui. Ele também não se importava se eu estava com medo ou desconfiada, sabia que não havia escolha. Passamos por pedras, labirintos e ao chegar num deserto ele apenas olhou em meus olhos, como fizera da primeira vez, e sumiu, virou pó, fumaça, não sei ao certo. Pronto, agora éramos eu e a solidão, mais uma vez. Fiquei triste, já estava começando a me acostumar e a gostar daquele homem que nada dizia, que mal me olhava e que só caminhava, sem me esperar se resolvesse parar. Mas eu não podia cobrar mais do que aquilo que ele tinha sido pra mim; ele me guiou. Apareceu quando eu mais precisava e foi embora quando eu menos esperava. Mas continuei, eu reclamava, mas solidão não dizia nada, apenas um olhar pro horizonte, um pensamento distante. Seguíamos reto, acompanhando uns passos. A ingenuidade me pousou o ombro, já tava em tempo. O que me preocupava era que, para acompanhá-la, logo viria a ilusão. Pelo menos já não estaria sozinha com a solidão. Mas foi quando bateu uma ventania no deserto, e, “do nada” um trovão. Levei um susto, acordei. Era um raio que acabava de cair no começo da minha rua.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Só de passagem














Só de passagem

Mesmo estando tudo bem

Mesmo sendo feliz

Sou só de passagem

E mesmo   triste

E vida não rindo pra mim

Sou só de passagem

Nas festas e comemorações

Nas reuniões, entre amigos

Sou só de passagem

Um salário suado e mal recompensado

E até  uma boa gratificação

Sou só de passagem

E no aconchego do lar

Nos conflitos em família

Sou só de passagem

Em dias sombrios e noites de frio

Estarei sempre de passagem

Não nasci pra ficar

Estou só de passagem

Sou só de passagem

sábado, 1 de maio de 2010

Mulher Barriguda




Mulher barriguda que vai ter menino

qual o destino

que ele vai ter?

que será ele

quando crescer?


Haverá guerra ainda?

tomara que não,

mulher barriguda,

tomara que não...


João Ricardo/ Solano Trindade

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Voz Passiva

Pedras lançadas
Muralhas construídas

Obstáculos vencidos

Lágrimas derramadas

Conquistas comemoradas

Derrotas veladas

Tristezas esquecidas

Traumas tatuados

Frustrações perdoadas

Medos consagrados

Ideais esquecidos

Sonhos restaurados

Passado relembrado

Presente mal vivido

Na lembrança que cativa

As amarguras da vida

Um futuro programado à voz passiva

domingo, 25 de abril de 2010

Expressões populares I


Assim como outras vezes, depois de uma conversa resolvi escrever sobre o assunto: Expressões populares. É uma coisa que sempre me chama atenção. Existem pessoas que fazem questão de mostrar que usam a forma correta,  mas a maioria usa de forma “errada”. Não sou tão ousada e também não sou muito de usar frases feitas. Além de ousada, acho que a pessoa precisa ter propriedade também pra fazer o uso das expressões (o que é só um ponto de vista). O que me trouxe até aqui foi a seguinte expressão: “cor de burro quando foge”. Um amigo falou isso numa conversa, achei engraçado o contexto em que ele usou e perguntei como é cor de burro quando foge, ele falou que não sabia, só sabia que era assim. Claro, são expressões populares que se aprende de maneira bem informal, e como “quem conta um conto aumenta um ponto”, como numa brincadeira de telefone sem fio, as expressões acabam sofrendo modificações drásticas, e às vezes acabam modificando o sentindo também.

E foi assim que “corro de burro quando foge” virou “cor de burro quando foge”. E quem nunca disse “batatinha quando nasce esparrama pelo chão”? Pois é, e quando iríamos imaginar que o correto é “batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão”?

A expressão “Quem não tem cão, caça com gato”, é outra que ouço “desde que me entendo por gente”, e já cheguei até a usá-la algumas poucas vezes no lugar de “quem não tem cão caça como gato”. É interessante que, quem usa a primeira forma sugere a troca/ substituição, já a segunda não. Pois quem não tem cão, caça sozinho. Da mesma forma, “quem tem boca VAIA Roma” (se refere aos tempos em que Roma era governada por Júlio César.)

Mas ao mesmo tempo, numa perspectiva lingüista, penso que é só besteira se preocupar em definir o certo ou errado dessas expressões, afinal “a mudança é a lei da vida”. E assim como “vamos em boa hora” virou “vamos embora”, ou melhor “borá/bó”, por quê as expressões não podem, também, sofrer modificações e adquirir um novo sentido? Mesmo porque, quem garante que as modificações não foram propositais/ trocadilhos?

Ora, se até a linguagem formal sofre constantes modificações, até perder tremas, ganhar acentos, assim de uma hora pra outra, com as expressões populares não é diferente. Além disso, o estudo que se tem de suas origens ainda são escassos ou pouco divulgados.

Por isso, vamos “enfiar o pé na jaca”, já que não tem como “enfiar o pé no jacá”, afinal a gente nem vê mais esses cestos que tropeiros carregavam mercadoria em burros. E de que adianta usar as frases originárias se ninguém vai “entender patavina”? Em tempos em que o importante é a comunicação quem vai usar “esculpido em Carrara”, enquanto fica mais fácil entender “cuspido e escarrado”, se bem que “esculpido e encarnado” faz mais sentido no caso de semelhança entre parentes, por exemplo. Enfim, usemos o que melhor nos convier!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tartarugas me mordam!


-Dani, tu nem sabe quem vem pra São Luís.


-Quem?


-Advinha. Scorpions.


-Ã? Como assim? Quem? É o que?


Macacos me mordam! Que Scorpions menina? Scorpions-Scorpions???


Isso mesmo! Tá confirmado. Sintam-se todos convidados.



A banda de rock alemã Scorpions, que já vendeu cerca de 100 milhões de CD’s em todo mundo, fará, em sua mega turnê de despedida, dois shows no Brasil. Tocando clássicos e músicas do novo álbum Sting In The Tail, o grupo estará no dia 19 de Setembro em São Paulo (Credicard Hall) e no dia 24 de Setembro, em São Luís (local a ser definido).


Após 40 anos de carreira, o Scorpions entra em sua mega turnê de despedida. Após duas passagens pelo Brasil, em 2005 e 2007, o grupo Hannover pode estar se apresentando em São Luís pela última vez. A banda ficou consagrada com os sucessos Wind of change, Still loving you, Dust the wind, Rock you like a hurricane, Send me and angel entre outros.
Sua longa carreira rendeu 22 álbuns e vários DVDs, incluindo Live in the Jungle, lançado em 2010 com shows de Manaus e Recife. No dia 24 de janeiro de 2010, a banda anunciou que encerraria a carreira e que realizaria sua última turnê, com o álbum Sting in the Tail, que foi lançado no dia 19 de março.
O início de sua última turnê está previsto para ser iniciada em maio deste ano e atravessar o mundo por “mais uns anos”. Uma boa pedida para os fãs maranhenses acompanharem pela última vez um show da banda.



Ps: tomara que o preço dos ingressos seja acessível ;)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DEU A LOUCA!

  
E mais comentários sobre o que mais se comenta na cidade hoje: o novo shopping, o Rio Anil. Não dá pra entender o que aconteceu com povo dessa cidade. Eu nunca imaginei que a inauguração de um shopping pudesse ter uma repercussão tão estrondosa assim. Não sei se foi a presença de artistas e ex-BBB no local que o tornou num verdadeiro formigueiro humano, ou se foi a novidade explícita no próprio shopping. Eu já podia prever que estaria lotado, como costumamos ver o “São Luís”. E se poucos dias antes o assunto da cidade era o novo shopping, ficou ainda pior depois de ontem.

O resultado de tanta expectativa, não deu outra, ambiente lotado, mais parecia o Círio de Nazaré do que inauguração de shopping. E se o problema fosse só a lotação, nem haveria problema. Mas, lojas saqueadas, briga entre gangues e tudo mais aí que falam que aconteceu só ontem, me deixou perplexa.

Não consigo imaginar o que leva uma multidão a ter esse tipo de comportamento. Roubar lojas, tentar arrombar portas, usar de artimanhas pra conseguir entrar no shopping depois que já tinham fechado as portas por não caber mais ninguém, é demais pra minha compreensão. Selvageria, mau caratismo, atitudes mesquinhas que revelam pobreza de espírito. O que levou centenas de pessoas a saírem de suas casas, de seus trabalhos, a matarem aula na escola só pra ir ao um shopping ver um EX-BBB? E mais, ficarem do lado de fora esperando não sei o que, como se estivessem esperando algum show que tivessem pagado pra assistir? E ainda, passarem mais de uma hora em um engarrafamento só pra ir a essa bendita inauguração. Mas o pior de tudo foi se achar no direito de invadir lojas e roubar mercadorias. E a dignidade, onde foi parar? Tudo isso me deixou muito triste, chateada, decepcionada. Eu espero que isso tudo seja esquecido, principalmente pelos artistas que nem chegaram a ir ao Rio Anil, pelo fato de estar tão lotado, ou quem sabe até pelo medo de serem devorados (risos), a essa altura eu já não duvido de mais nada. Acho que a única parte “cômica” da historia foi a tal da “loka do rio anil”, uma retardada, totalmente Joselita. Que diabos aquela garota tem na cabeça? Tomara que isso não tenha uma repercussão nacional, o que é bem difícil, do jeito que ela já tá bombando na net. É TRISTE!

quinta-feira, 15 de abril de 2010



Eu podia ser mais e ter pele de pêssego

Que não tivesse nem cravos nem espinhas

Que encobrisse uma face perfeitamente oval

Que apresentasse dois olhos amendoados

Abaixo de uma sobrancelha marcante

Acima de um nariz curto e afilado

Que continuasse numa boca pequena e carnuda

E ainda ter cabelos cacheados e brilhantes

Quisera eu ter um corpo esbelto, escultural

Que fosse sustentado por um pé sem joanete

Mas se penso eu que assim seria feliz

A tristeza por saber que um dia tudo se transforma

Não me deixaria gozar da beleza enquanto viva

E ainda assim eu não seria feliz




PS: “(...) o essencial é invisível aos olhos.”

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A tentativa


Pensei tentei e nada consegui

Refleti e até li e nem rescunho

Procurei a dor mais profunda

Procurei a ferida mais doída

Encontrei a alegria mais recente

Lembrei-me do ultimo sonho

O pesadelo que  queria contar

O sonho que não deveria acontecer

Mas o incomodo não me deixou ir adiante

Eu empaquei e não consegui organizar

São muitos conectivos e muitas regras

E tudo isso é pouco pros pensamentos

A sua avaliação me travou o raciocínio

E a liberdade é essa coisa que me impeço de ter