terça-feira, 28 de maio de 2013

Me vi assim

Parei e olhei pra mim.
Vi o quanto cresci.
Me vi diferente,
sem crises,
sem dor aparente.
Aquele chororô,
aquele drama,
aquela seriedade...cadê?
Me vi como nunca fui,
me vi como realmente sou.
Me vi engraçada, doida, divertida,
 o que poucos terão a chance de ver...
 Vi uma mulher
 decidida, positiva, solidária, alegre e de bem com vida
 e lá eu me vi.
Como até fui uma vez na vida.
 Como achei que nunca voltaria a ser,
como os enganos jamais poderiam me permitir viver.
Tudo na medida certa
E do jeito que tem que ser
De bem com meus limites,
Feliz com meus descasos
Olhei pra mim e me vi assim.

domingo, 26 de maio de 2013

Necrológio dos desiludidos do amor


Os desiludidos do amor
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.
Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.
Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.
Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia.
Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e segunda classe).
Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba

bravo, violento, sobre a tumba deles.

Carlos Drumond de Andrade

sábado, 25 de maio de 2013

Fotografia

As vezes eu fico te olhando, parado, congelado. Com essa sua cara de bobo, bobão, as vezes boboca [rs] e com cara de boba relembro os bobos bons momentos. Você... hum você não me ouve, não me responde, as vezes me sorri, outras me beija, ou olha pra frente me abraçando o abraço de urso que só você tem. Lembranças boas me vem. Eu alí paralisada, pareço feliz, satisfeita, completa. Completa que nada, insegura, temerosa; mas isso não é visível nas fotografias. O sorriso verdadeiro é a única sensação que se percebe. E fico olhando praquele momento em que as coisas eram diferentes. Talvez, eu mais fantasiosa, pelo menos com um pouco de brilho nos olhos. Não diria de inocência, mas de esperança de que tudo pudesse ser doce. Doces momentos que agora deixam o gosto amargo da saudade de um doce engano.

O que me importa agora

O que me vale é o dinamismo, é ação. Chega de ficar pensando, quando a gente quer... vai e faz. A encruzilhada está diante de si, e só resta escolher. Não tem muito o que refletir, não dá pra ficar em cima do muro, enquanto se pensa o tempo passa e o outro te ultrapassa. A vida corre e não há tempo para lenga-lenga. Tento apenas acompanhar os ponteiros do relógio, estou atrás do que me serve, do que me deixa servir, do que me dá serviço. Não me importa ficar parada, não me importa matutar, não há tempo pra isso, apenas corro, busco uma direção. Pensar? Só antes de falar, e pra que pensar? Quem muito pensa, pouco faz. Tudo pode se mover diante do primeiro passo. Mas hoje não quero dar alguns passos, porque busco a certeza, a segurança, o meu retorno; egoísmo, talvez, apenas isso. Hoje eu ponho os pés no chão e faço o que está a meu alcance. O que não consigo, deixo pra depois. Deixo pra amanhã as minhas crises, os meus dilemas. Deixo pra depois as minhas dúvidas e consigo explorar as minhas certezas. Hoje deixo pra depois o que pode não ser, e me ocupo apenas com o que pode acontecer. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O ponto final


Não há mais muito que fazer quando tudo que se diz não faz sentido, ou melhor a confusão das palavras passam a fazer todo o sentido. E o único caminho é o das pedras mesmo, e não há mais cartas na mesa. Quando você descobre que tudo não passou de uma doce ilusão, e aquele cara, não era “o” cara. Quando se faz das tripas coração por alguém que move sequer uma palha, por alguém que não valoriza o sentimento que se tem. Não há mais o que esperar quando o que você esperava era uma atitude, de alguém que só quer te induzir, seduzir, manipular; simplesmente para não ter que se responsabilizar. Acho que só resta um basta quando tudo vira destroços, uma pausa para se reorganizar as ideias. É muito bom não ter que assumir responsabilidades, não comprometer a própria palavra. E palavra? Que palavra? Ah... palavras. Palavras o vento leva, atitudes fazem mudar. E será se é pedir demais? Eu não pedi intensidade, nunca quis exageros, apenas um pouco de consideração, de comprometimento e verdade. Não há mais nada o que fazer quando ficar junto é apenas um resto, caso as outras coisas não deem certo. E pra mim... isso não dá. Não há mais o que dizer quando o que me resta é pedir licença e me retirar. Acho que já chega dessa coisa que não sabe se existe. Se é falta de coragem, eu assumo a dor da responsabilidade, e posso garantir o ponto final melhor pra você.